Após negar clemência a brasileiro, Indonésia condena execução na Arábia Saudita

A Indonésia convocou o embaixador da Arábia Saudita em Jacarta nesta quarta-feira para protestar contra a execução de uma empregada doméstica indonésia, alegando que família e autoridades não foram avisadas com antecedência da aplicação da sentença.
A medida ocorre em meio à pressão internacional sobre a Indonésia para que o governo reverta a execução de 10 condenados à morte por tráfico de 
drogas, inclusive o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, que teria, segundo a família, esquizofrenia.
Autoridades sauditas disseram que Siti Zainab foi decapitada na terça-feira na cidade de Medina; ela foi condenada por esfaquear e espancar até a morte sua patroa, Noura al-Morobei, em 1999, informou a agência AFP.

Execuções na Indonésia

O presidente indonésio, Joko Widodo, e três antecessores haviam escrito ao rei saudita e à família da vítima pedindo clemência, sem sucesso.
Grupos de defesa de direitos humanos usavam o caso de Zainab para pressionar a Indonésia a reverter as execuções. Em janeiro, seis presos foram executados por fuzilamento no país, inclusive o carioca Marco Archer Cardoso Moreira.
Brasil e Noruega convocaram seus embaixadores na Indonésia em protesto e, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff recusou temporariamente as credenciais do novo representante indonésio no Brasil em meio ao impasse com Jacarta diante da iminente execução de outro brasileiro.
Widodo tem rejeitado pressão internacional para reverter as execuções, e negou clemência a condenados no corredor da morte por tráfico, dizendo que as drogas provocaram uma situação de "emergência" no país.
A ministra de Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, disse que as execuções no país serão realizadas.
"Nosso compromisso é proteger nossos cidadãos. Esta é a nossa prioridade", disse ela a repórteres, segundo a AFP.
Nenhuma data para as execuções na Indonésia foi anunciada, mas o procurador-geral disse que elas só deverão ocorrer após o dia 24, devido a uma conferência internacional que será realizada em Jacarta. Presos são avisados com 72 horas de antecedência.
AFP: Paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte está entre os presos a serem executados em breve na Indonésia© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte está entre os presos a serem executados em breve na IndonésiaEPA: Condenados na Indonésia são executados por fuzilamento na prisão de Nusakambangan© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Condenados na Indonésia são executados por fuzilamento na prisão de Nusakambangan
A família de Gularte, de 42 anos, tenta impedir que ele seja executado após o paranaense ter sido diagnosticado com esquizofrenia. Ele foi submetido a um outro exame a pedido do governo indonésio em março, cujo resultado não foi divulgado.
Gularte foi preso em julho de 2004 após tentar entrar no país com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.

'Surpreso'

O ministro do Interior saudita disse que a execução de Zainab foi postergada até que os filhos da vítima tivessem idade suficiente para decidir se perdoavam ou não a mulher culpada pelo crime.
Segundo comunicado do Ministério de Relações Exteriores indonésio citado pela AFP, Jacarta "apresentou protesto contra o governo da Arábia Saudita por não notificar com antecedência representantes indonésios ou a família sobre a data da execução".
Snowing in Bali: Gularte (esquerda) e Marco Archer, que foi executado na Indonésia em janeiro© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Gularte (esquerda) e Marco Archer, que foi executado na Indonésia em janeiro
O embaixador saudita na Indonésia, Mustafa Ibrahim Al-Mubarak, se disse "surpreso" por ser convocado. "O problema não é sobre a Justiça ou a execução, mas sobre a data da execução", disse ele a repórteres, segundo a AFP.
O grupo Migrant Care, que defende direitos de trabalhadores indonésios no exterior, condenou a execução de Zainab e disse que ela agiu em defesa própria contra um patrão abusivo.
A organização pediu que a Indonésia abandone a pena de morte "como um primeiro passo para pressionar outros países a não aplicar a pena de morte em trabalhadores estrangeiros".

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